Há alguns dias acompanho as notícias sobre um acidente ocorrido em um parque de diversões, na região de São Paulo. Uma menina de catorze anos foi atirada de um brinquedo em movimento e teve morte instantânea. Hoje assisti logo cedo a um telejornal. A entrevista com os pais da garotinha, a dor imensurável da mãe que relatou estar presente no momento do acidente, ter em vão tentado ajudar a filha. O lamento: "no momento do enterro de minha filha, o parque estava funcionando".
Indignação? Sim. Dor? Sim. Tristeza? Sim.
O sol brilhando, as pessoas rindo e se divertindo, alheias ao ocorrido, apesar da divulgação do episódio de modo exaustivo pelos meios de comunicação. Como que pode isso? Pais levaram filhos ao mesmo parque. Pais permitiram que filhos fossem ao mesmo local, sem demonstrar luto, solidariedade, ou preocupação com a segurança dessas crianças e jovens.
Assim está a vida. Parece que o ser humano está habituado às tragédias. Impermeável à dor alheia. Alienado, totalmente alienado! É a teoria do “antes ele do que eu”.
É neste momento que me pergunto e também pergunto a você, leitor: onde estará o nosso coração? Onde?
Não conheço os pais da menininha. Certamente não saberão que deixei aqui, em letrinhas, a minha opinião a respeito do ocorrido.
Por que o ser humano precisa de fortes emoções para se divertir? Por que precisa de velocidade, giros, pulos, saltos pra se sentir feliz e vivo? Montanhas-russas, brinquedos velozes, grandes alturas, saltos e curvas aceleradas.
A vida será muito melhor quando as fortes emoções nascerem no sorriso do próximo, no abraço que acolhe o irmão, no auxílio generoso que nada pede em troca, senão a felicidade alheia. Até lá, um dia que parece quimera, parece apenas um sonho poético, outras garotinhas morrerão, outras mães chorarão e a festa não será interrompida, porque a diversão é urgente e “time is money”.
Falta muito para nos tornarmos verdadeiramente dignos do dom da vida. É preciso melhorar muito para aprendermos a nos colocar no lugar de outrem, sem nos sentirmos privados do imediatismo, do egoísmo e dessa apatia que congela os sentimentos diante de uma notícia terrível assim. Para nos privarmos da diversão, em solidariedade a alguém que morreu e poderia ter sido você, poderia ter sido eu, ou muito pior que isso, poderia ter sido uma criança nossa.
Tenho um blog, considero um dever expressar minha opinião a respeito desse fato horrível. Mas, de modo especial, preciso deixar aqui registrada a minha indignação com tamanha frivolidade, desrespeito e falta de sensibilidade de quem foi e continua indo ao parque se divertir, como se a vida da menina Gabriela nada fosse, senão mais um número fatal.
Descanse em paz, Gabriela Nichimura.
8 comentários:
Concordo em tudo com você...
É lamentável tudo isso !!!
Beijos
Infelizmente, o ser humano costuma agir de modo egoísta, imediatista. Era pra esse parque estar fechado, até apuração da causa do acidente. Nada trará a Gabriela de volta e eu me coloquei e me coloco no lugar da mãe dela. Sou mãe também! É a maior dor que alguém pode sentir: a perda de um filho!
Obrigada, Isis, pelo seu comentário!
Beijo
Solidariedade passou a ser palavra vã.
Olá, Luís!
Não é vã a palavra solidariedade! Vã é a alma humana, que age de modo fútil, sem escrúpulos, desprovida de sentimentos nobres. Uma pena, afinal somos todos irmãos!
Acredito fielmente que tudo que se planta, se colhe. Os responsáveis colherão em sua própria vida, quando só Deus sabe. Muitos casos tristes de inpunidade acontecem e os brasileiros deveriam se unir. Exemplo: o caso da menina de 3 anos atropelada por um jet sky. O garoto que matou, tem 14 anos, mas os pais, Marciano Assis Cabral e Maria Adriana Sipoleta, fugiram imediadatente do local, uma casa defronte da praia. Eles possuem um posto de gasolina em Mogi das Cruzes e residem em um condomínio. Todos nós deveriam buzinar em frente as várias residências que eles se refuriarão, como uma eterna lembrança da covardia deles em sequer socorrer a garota. O menino trocará de nome e tocará sua vida, assim como aqueles rapazes que queimaram o indio em Brasília, médicos que trabalham normalmente hoje. Procurem saber os nomes que eles adquirem, e boicotem. Até que saibamos que tragédia igual aconteceu na vida deles. Daí sim, considero justiça feita.
Obrigada, Mylene, pelo seu comentário!
Beijo!
Gostaria de saber mais sobre Abílio Manoel, ele era um compositor de músicas muito boas! Pena Verde....que saudades!Primo de uma amiga minha Lucília....Se foi? Grta
Ivone,
Abílio, pra mim, era mais que amigo. Éramos irmãos de coração. Ele faleceu em junho de 2010, sofreu um infarto. Sua amiga Lucília reside no Brasil?
Sim, Abílio compôs músicas muito boas, entre elas Pena Verde. A minha preferida é Andréa.
Sinto muita saudade dele... Ele faz muita falta!
Venha sempre aqui, há o aroma do Abílio no ar deste blog. Foi ele quem me incentivou a escrever, quem fez o layout deste blog e me ajudou muito a acreditar que era apenas o começo de uma história de sucesso.
Um beijo
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